Com a taxa Selic a 13,75%, é propício financiar um imóvel agora?

Segundo especialista da Crediall Tech, a política dos bancos de manter o juro mais baixo apesar da taxa Selic alta favorece o financiamento

São Paulo, 04 de agosto – O Comitê de Política Monetária do Banco Central, Copom, elevou mais uma vez a taxa básica de juros, agora para 13,75% ao ano, conforme a expectativa de bancos e casas de análise, acrescentando que “vai avaliar um ajuste residual, de menor magnitude” na próxima reunião, o que continuará impactando a tomada de crédito para financiamento de bens, como um imóvel.

A capacidade média de compra ou de financiamento de imóveis residenciais pelas famílias caiu 10,8% no primeiro trimestre de 2022 ante os últimos três meses de 2021, mostrou um levantamento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, Abrainc, em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Fipe.

No acumulado de 12 meses, a queda foi de 17,4%, em comparação com o mesmo trimestre no ano passado. “Isso significa que a renda das famílias possibilita a aquisição de um imóvel relativamente menor em comparação às condições observadas em períodos anteriores de referência”, observaram analistas no documento.

Segundo a pesquisa, entre os fatores que impactam negativamente o financiamento de imóveis estão o aumento das taxas de juros do financiamento imobiliário, a reboque da elevação da taxa Selic, que encarece o acesso ao crédito e frustra a atratividade dos imóveis como alternativa de investimento. Soma-se a isso o aumento nominal dos preços dos próprios imóveis, dado os aumentos de matéria prima e mão de obra, e o declínio da renda média das famílias brasileiras.

“As reclamações mais frequentes são sentidas pelos setores de venda de bens a longo prazo, pois veem suas vendas diminuírem muito”, disse Léa Saab, gerente de vendas da OMA, empresa responsável pela venda, locação e administração de imóveis.

De acordo com Felipe Magano Lucchi, consultor na empresa de crédito imobiliário Pontte, foi possível notar uma queda de 30% nas solicitações de financiamento imobiliário em julho deste ano em comparação com o mesmo período no ano anterior, quando a taxa Selic estava em 4,2%.

Segundo o especialista, diante deste cenário de alta nos juros, é importante fazer uma pesquisa para saber qual instituição financeira pode oferecer as melhores condições para cada realidade.

Juros na casa de um dígito

Para Paulo Carrete, presidente da empresa de crédito imobiliário Crediall Tech, mesmo com a taxa Selic em alta, o momento permanece propício para a compra ou financiamento de um bem.

“Ainda é um bom momento, pois os bancos estão mantendo as taxas de juros ainda na casa de um dígito, o que é cabível para a população, quando já deveriam estar com uma taxa mais alta de juros, na casa de dois dígitos”, disse o especialista. Atualmente, a taxa média dos bancos está em 9,5% ao ano mais a Taxa Referencial.

Carrete acrescentou que a política dos bancos de segurarem as taxas mesmo com a alta da Selic também favorece as instituições credoras, uma vez que mantém o cliente em uma relação de longo prazo, que pode chegar a até 30 anos de relacionamento.

O sonho da casa própria adiado

Durante momentos de pico da pandemia, quando a taxa Selic no Brasil ainda rondava a casa dos 2%, e com as famílias em isolamento, procurando lugares mais espaçosos para viver e trabalhar, o mercado imobiliário sofreu um “boom” de demanda.

O número de vendas de novos imóveis registrou a maior alta em dez anos no quarto trimestre de 2021, de acordo com estudo realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção, CBIC. O crescimento foi de 12,8% em 2021 frente a um ano antes.

“Ano passado foram feitos R$220 bilhões em crédito imobiliário no Brasil, recorde de todos os tempos”, relembrou Carrete, acrescentando que, nesse período, o país também contava com a menor taxa de juros de todos os tempos.

Com a pressão inflacionária aumentando ao longo dos meses, contudo, adquirir um bem se tornou mais difícil. Aos que recorrem ao financiamento, o problema é ainda maior, uma vez que os juros de crédito acompanham o movimento da taxa Selic.

“Caso você adquira um imóvel com os juros atuais, vai pagar esses juros até o final”, disse Carrete. “Muitas pessoas postergam o sonho da casa própria para um momento de melhora, mas existe uma previsão de que a taxa Selic seja reduzida no inicio do próximo ano”, completou.

Mas mesmo comprando o bem à vista, Carrete lembra que há impacto da alta de juros, uma vez que as incorporadoras acabam reajustando o preço do imóvel, que tem seu custo elevado.

“O cliente que paga à vista sempre tem poder de barganha na negociação. Porém, temos a alta no Índice Nacional de Custo da Construção, INCC; então, quando você compra na planta, por exemplo, também sofre impacto da alta de juros”, explicou.

O INCC desacelerou em julho, ficando em 1,16%, menos que o apurado no mês de junho, quando o índice registrou taxa de 2,81%, segundo dados da Fundação Getulio Vargas divulgados na semana passada.

Texto: Patrícia Vilas Boas
Edição: Stéfanie Rigamonti e Allan Ravagnani
Imagem: Vinicius Martins / Mover
Comentários: [email protected]

Login
Menu
S.A.C

(11) 3191 – 5000

© 2025 OMA Condomínios. Todos os direitos reservados.